Ao ler declarações do Presidente da Liberty que revelavam o evidente – a crise tem feito aumentar a fraude nos seguros, ocorreu-me um estudo realizado pela AXA há algum tempo, ainda para mais no Reino Unido, mas que serve para confirmar que em tempos de crise, a fraude aumenta, tal e qual como a economia paralela.
A AXA realizou um inquérito a dois mil clientes de várias companhias de seguros, com o intuito de avaliar o impacto da crise na atitude dos clientes de seguros face à prática de fraude.
Quase metade dos segurados admitiu ter exagerado o valor dos pedidos de indemnização, sendo o exagero típico na ordem dos 700 euros por pedido, e mais do que isso, uma percentagem superior a 10% admitiu ser mais capaz de recorrer a este tipo de práticas no momento presente, do que há anos atrás, antes da atual crise económica.
Segundo o presidente da Liberty Seguros, a burla é um fenómeno terrível com o qual as companhias de seguros têm que saber lidar e que tem provocado consequências perniciosas para o sector.
E têm que aprender depressa, direi eu, a avaliar pela suspeita de que os tempos de depressão ainda se manterão durante alguns anos.
É aqui que entra o chamado triângulo da fraude, com um dos vértices a ser extremamente catalisado pela austeridade – os motivos.
Os outros vértices do triângulo que tenta explicar a existência de fraude são a oportunidade e a capacidade para racionalizar o ato.
Ora, atualmente, e sob a ação da atual conjuntura económica e financeira, temos:
Motivos: o desemprego e as acentuadas dificuldades financeiras;
Capacidade de racionalização: a justificação é dada pela tentativa de manter o nível de vida: pagar as contas, a habitação, e alimentação, e as restantes necessidades básicas;
Oportunidade: a fraqueza do controlo e o pouco determinismo da avaliação de danos, geram a oportunidade.
Caberá então às seguradoras combater a fraude pelo vértice oportunidade, intensificando e principalmente definindo o processo de avaliação de dados, já que atacar os outros vértices, infelizmente não deverá estar ao alcance das companhias de seguros ... mas todos agradeceríamos.
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